Fragmentos de correspondência carcerária

Carlos C. Varela

sobre praia

A Revolta, 25 de janeiro de 2016

“(…) contárom-me tamén que inda tenhem alcalde de bairro, mas que desde que ghoverna o PP, já nom o escolhem mais as vizinhas. A última vez que o escolheram eles, fora um domingo à saída da missa (nom lembro o ano, pensó que me digeram 85), que só se apresentaram Pinho e Louzao (o Pinho vem polo bar) e ganhara Pinho por muita diferença. Pinho é socialista e conta-me mui orgulhoso como conseguiu que muitas mulheres d’ali, quando sacarom o decreto lei para que as amas de casa puideram cotizar pola agrária, e estava el de alcalde de bairro, tiveram agora a paga e muitas cousinhas mais (…)”.

C.P. Cáceres II, 10 de fevereiro de 2016

(vem o recorte duma notícia de Berria “Isaac Xubin itzultzaile galiziarra saritu du Etxapare instituak”, e a tradução num post-it.).

“(…) ¡Ah!, en relación con el fuego, me viene a la mente el proyecto de soberanía energética de Bera (Nafarroa), que tiene que ver también con la gestión sostenible de los bosques; puede que a tus amigos comuneros les interese. Han cambiado todas las instalaciones municipales de calefacción de gas y gasoil por una común de “pelet”, calentando desde un centro único el polideportivo, la escuela, el ayuntamiento… Además, hasta ahora compraban la madera (“pelet”) a otras regiones de Nafarroa pero ya están pensando en ser autosuficientes, cambiando el sistema tradicional de reparto de madera comunal por una cooperativa forestal.

(…) Alguien ya dijo que es más fácil hacer la guerra que construir la paz, y ¡cuanta razón tenía!; me doy cuenta de que a pesar de la dureza de la lucha armada, para algunos es más cómodo seguir una inercia en el resistir que en el innovar, probar otras dinámicas, y el abrir la mente. Yo diría que es una comodidad mental, Carlos, pues tú bien sabes que ¡esto de cómodo no tiene ni ostias! (…)”.

Oostvorne, 6 de março de 2016

“(…) deunos tempo de visitar Praga e Budapest. Nesta última cidade, aparte de ir aos baños, como facían os meus avós en Carballo, vimos unha catedral na que teñen enterrados, un a cada lado do altar, ao primeiro rei de Hungría e a Puskas, compartindo honras!!

E falando de fútbol (voetbal en holandés, vou aprendendo!) creo que podemos establecer un certo paralelismo entre o Encrobas e o Dépor. Ambos fixeron unha primeira volta de película, pero na segunda vaia por Dios…

(…) cando morreu miña avoa, que eu estaba no tanatorio con un irmán dela, aparece outro paisano e dille:

-“A ver, Domingo, cando montas ti unha fesa destas?”

E dille el:

-“Se queres facémola os dous xuntos, que aínda nos fan precio”. Viva o humor negro chaval!”.

Vigo, 9 de março de 2016

(Uma aquarela do Merdeiro do Berbês!)

Castro de Marçoa, 30 de março de 2016

(Com uma fotografia histórica da Associaçom Reintegracionista de Ordes)

“(…) Estive em Loureda a saudar à tua mae, mas nom estava, voltarei outro dia… Boa primavera!”.

Lycée Horticole de Blois, 5 de abril de 2016

“(…) Dizia-che que tinha medo de encontrar-me umha França a meio camino entre Houellebecq e o Germinal de Zok, mas acho que ia bastante desencaminhado (…). O sítio em que me encontró é umha chaira enorme, atravessada polo imenso Loira (La Loire, em feminino, em francés). Vale de Loira de longos céus, pensó lembrando a Terra Chá de Manuel María na voz de Suso Vaamonde (…)”.

Vila de Grácia, 8 de abril de 2016

“(…) está forte o Dépor e as equipas galegas em geral. Eu agora co futebol e o Barça ando algo desconectado. Na Grácia dende fai dous anos estamos a seguir o Europa, equipa do nosso bairro e umha das equipas fundadoras da Liga. Fundamos un grupo de siareiras, chamamo-nos Eskapulats, em referência ao escapulario que levamos na equipaçom. Tentamos nom entrar no rolho ultra de garrulismo e machismo. Buscamos a reciprocidade entre a rua e a equipa levando os problemas do bairro e do país à grada”.

Quistiláns, 16 de abril de 2016

“Tenho o meu avó a dar voltas pola cozinha adiante e a mirar polas janelas cada dous por três, dizendo alternativamente “chove, caralho” e “chove, cona” com umha cortina na mao. Cada dia entendo-o um pouco melhor, porque me estou a tornar completamente dependente de meteorología como ele. É alucinante como me muda o estado anímico conforme varia o tempo: sinto-me identificado com esses galos de Barcelos que compram as velhas na feira de Valença e que ponhem de par do televisor, aí a mudar de cor conforme chova ou venha o sol…”

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Cadernos de 2016

Carlos C. Varela

pinchacarneiro

ÍNCLITA ORDEN DEL TOISÓN DE ORO

Enquanto na Galiza estão a deter a independentistas pola sua atividade política, na televisão española anunciam que a infanta Leonor vem de receber o colar da Ínclita Orden del Toisón de Oro. Se quadra havia rir Cunqueiro, quem deixou escrito que a dita Ordem fora “fundada, como sabem, porque um duque de Borgonha encontrou na cama uns pelinhos loiros caidos de certa parte da sua amante, embora depois para a sua emblemática recordasse a aventura de Jasão à procura do Velhocino” (1). E é que ainda vai ter origens certas a mui ordense expressão “cago na cona da reina!”, usada em ocasiões como a de hoje.

(1). Álvaro Cunqueiro, Fábulas y leyendas de la mar, Barcelona, Tusquets, 1986, p. 207.

PORNÓGRAFOS

A pornografía moderna nasce como um género de oposição ao absolutismo, vinculada ao libre pensamento e à heresia, à filosofia natural e às ciencias; mesmo Diderot foi encarcerado por pornógrafo em 1749. Ao parecer a condena da pornografia não tinha tanto a ver com a sua explicitação do erótico –numa forma, aliás, terrivelmente machista- como com a reivindicação da autonomia, do “sexo polo sexo”, desse ámbito que Kant definia como a coincidencia entre fins e médios. A emergência destes espaços de autonomia indignava por igual a esquerda e direita, que também combaterão a aparição de uma vanguarda artística que proclamará a “arte pola arte”. “Não em balde” –diz Jordi Claramonte- “os experimentos musicais do joven Shostakovich foram qualificados unánimemente polo New York Times e polo Pravda, singular gesta, como pornografía”. (1).

Com o golpe fascista uma vaga anti-pornográfica percorreu a Galiza. No 14 de agosto de 1936 apareceu no Boletín Oficial de la Provincia uma ordem do tenente coronel da Guarda Civil Florentino González Vallés, delegado de Ordem Pública na Corunha: “Las bibliotecas de todos los centros clausurados serán eliminadas, procediéndose a la quema de toda la prensa, libros y folletos de propaganda de ideas extremistas, así como la de temas sociales y pronográficos (…)”. Não se salvará da cruzada anti-pornográfica Vicente Díaz Veiga, a.k.a. ‘Carro de Lídia’, figura extraordinária do obreirismo ferrolão (2). Carpinteiro de profissão e emigrante retornado, Carro de Lídia escrevia sobre assuntos rurais na imprensa obreira. Refugiado dos fascistas na Cova de Ponte Prados, entre as praias de Baldovinho e Pantim, é detido pola Guarda Civil em junho de 1937, quando já levava um ano vivendo ali a base de marisco, peixe e verduras. No registro da furna incautam-lhe as seguintes cousas:

-Ferramentas de trabalho.

-O rascunho dum poema contra o exército e a Igreja.

-Um projeto de “Município Livre de Baldovinho”.

-Vários exemplares da revista valenciana Estudios.

Esta última publicação, mui popular entre o movimento libertário galego, e de teses naturistas, foi tomada polo Ilustríssimo Juiz por pornografia. Enviado ao Castelo de S. Felipe, Carro de Lídia livra-se da pena de morte, que lhe é comutada pola prisão perpétua. Antes de sair em liberdade em 1944 passa polos penais de São Sebastião, Burgos e Corunha. Fora dos muros retoma a colaboração com a resistência galega, sendo detido novamente por mor dum delator. Cumprirá novamente condena no cárcere do El Dueso entre 1949 e 1953, tempo que aproveitará para escrever trabalhos como La crucifixión del labriego, autoeditado em 1965.

(1). Jordi Claramonte, Lo que puede un cuerpo. Ensayos de estética modal, militarismo y pornografía, Murcia, Cendeac, 2009, pp. 65-66.

(2). Eliseo Fernández, Obreirismo ferrolán, Vigo, A Nosa Terra, 2005, p. 76 e 159.

O COMUNISMO HÁ CHEGAR DE BICICLETA

O I Congreso Nacional de Ciclistas Vermelhos tivo lugar em Itália num 24 de agosto de 1913. Os obreiros lá reunidos elevaram a bicicleta à categoria de “veículo do povo”, muito antes de que o carro privado aparecesse como primeiro objetivo da emancipação consumista do proletariado. Entre as conclussões do citado congreso pode-se ler: “Nos periodos especiais (eleições, agitações, greves), os ciclistas vermelhos assegurarão os meios rápidos para a comunicação e a correspondencia (…). As bicicletas vermelhas serão a vanguarda da nossa propaganda e o nosso movimento, o meio polo que os nossos afiliados de todas as comarcas permanecerão em contato, em tempos de paz e de guerra”.

Tal foi o caso de José Pérez Sanmartín, latoeiro noiês que morava na vila de Ordes quando o franquismo trouxo o terror. Segundo o informe da Delegación de Orden Público Pérez Sanmartín participou da defesa da república em Ordes “con bombas de mano y en el momento de ser detenido, le fueron ocupadas dos de ellas que tenía ocultas en un monte; además sirvió de agente de enlace entre los grupos de los rojos que tenían cercada la villa de Órdenes; yendo montado en una bicicleta para transmitir las órdenes con mayor rapidez; vino a Santiago y luego marchó a La Coruña, como jefe de grupo, para hacer frente al ejército (…)”.

O ciclista vermelho de Ordes foi fuzilado no cemitério de Boisaca no amencer do 8 de fevereiro de 1937, junto com os seus companheiros que agora são conhecidos como os “11 de Ordes” (1).

(1). Manuel Pazos Gómez, A Guerra silenciada. Mortes violentas na comarca de Ordes 1936-1952, Ordes, A. C. Obradoiro da História, 2011, pp. 50-51.

CICLONAUTAS

Outras das conclussões de aquele congreso italiano de ciclistas vermelhos era a  de que “o desporto é um problema gravíssimo, que desvia a atenção dos obreiros e especialmente dos jovens. Distrai-os do estudo dos problemas sociais e afasta-os das associações políticas”. Tal e como faziam os críticos do “sexo polo sexo” ou da “arte pola arte”, os ciclistas vermelhos condenavam sem paliativos “esses jovens mais desejosos de ler La Gazetta dello Sport que o Avanti!, esses jovens preocupados só por fazer o amor e correr em bicicleta”. O ciclismo polo ciclismo resultava pronográfico. Há que deslocar a olhada para o feminismo se se quer achar uma valorização positiva da bicicleta em si.

Segundo a sufragista Elizabeth Stanton “as mulheres viajamos, pedaleando, cara ao direito de voto”, e para Susan Anthony “a bicicleta fijo mais do que nada e mais do que ninguém pola emancipação das mulheres no mundo” (1). Com a nova viatura podia-se viajar até quatro vezes mais rápido do que caminando, facilitando uma grande autonomia e liberdade de movimentos, superando as fronteiras da cidade burguesa e a sua moral. O seu uso, aliás, justificou que as mulheres se pudessem desprender de prendas-cárcere como o corsé e as saias incômodas, e em nome da liberdade de pedaleio chegou também a liberdade de pensamento: em calças desportivas foi, com certeza, mais fácil imaginar a emancipação feminista (2).

Assim as cousas cada pedalada foi acompanhada pola sua correspondente condena. Já o famoso criminólogo Cesare Lombruso acusara a bicicleta em 1900 de ser “o veículo mais rápido no camino à delinquência, porque a paixão polo pedal arrasta ao roubo, à estafa e ao atraco”; ainda, os seus colegas descreviam na Literary Digest a doentia “cara de ciclista”. O principal reproche anti-ciclista vinha, como sempre, do lado dos escudeiros da moral sexual. Num dos seus últimos contos Neira Vilas recorda a condena, em plena missa, que levou uma moça por passear de bibicleta excitando o crego (3). Em La moralidad pública y su evolución, um livro editado em 1944 polo franquismo de forma reservada, só para as autoridades do regime, temia-se pola 2perjudicial influencia que la generalización del uso de la bicicleta ha producido en orden a las excursiones lejos de la ciudad” (4), que as parelhas novas aproveitavam para terem algo de intimidade. Mas a bicicleta não só conduzia rápidamente aos territórios do pecado: era um pecado em si. A fricção da entreperna feminina com o silhim preocupou, e muito, a toda a congregação da polícia sexual, formada por médicos, sacerdotes e demais gente de ordem. Tão indecoroso roze, prognosticavam os científicos, havia producir histérias, infertilidades e abortos, até deixar as mulheres loucas polo prazer de pedalear.

(1). Tomei estas citas de Eduardo Galeano, “Alarma: ¡Bicicletas!”, Mujeres, Madrid, Siglo XXI, 2015. Seguro que se podem encontrar muitas mais referências em Biciosos, o libro de Pedro Bravo.

(2). Philipp Blom, Años de vértigo. Cultura y cambio en Occidente, 1900-1914.

(3). Xosé Neira Vilas, Romaría de historias, Vigo, Galaxia, 2015, p. 65.

(4). La moralidad pública y su evolución, Madrid, edição reservada, 1944, p. 83. Cit. Em Carmen Martín Gante, Usos amorosos de la post-guerra española, Barcelona, Círculo de Lectores, 1988, p. 235.

AS FRICATRIZES DA AMAIA

Os rapazes quando saem de “caralhada” falam de ‘meter’, ‘pinchar’, ‘cravar’, etc., enquanto as moças –polo menos as da Amaia- falam mais bem de ‘frotar’ explicitando as diferentes mitologias sexuais que articulam os desejos de homens e mulheres. O temor à frotação com o silhim de bici é só um capítulo mais da longa história masculinista do temor à fricção feminina, isto é: à autonomia sexual das mulheres. O silhim e o clítoris tornavam prescindíveis os homens, numa forma de prazer que Freud aginha rebaixará a “imaduro”. Quando a começos do s. XVII Thomas Bartholin revisa as Institutiones anatomicae, propõe chamar ao clítoris “despreço dos homens”, verbalizando um pesadelo masculino que pairará caladamente tras os intentos europeios de masificar a cliteridectomia nos séculos posteriores, uma empresa pretensamente científica. Nesse período a literatura médica –mais tarde ampliada pola etnográfica- enche-se de monstruosas gravuras e fotografias de mulheres dotadas de clítores prodigiosos, capazes de intimidar o mais orgulhoso pénis. Fala-se então do tribadismo, prática já documentada polo granadino Al-Hassan ibn Muhamad al Wassan, mais conhecido em Europa como Leão o Africano. Na sua Cosmografia e geografia de África, publicada póstumamente em 1550 como Da descrição de África, fala das fricatrizes de Fez, uma sorte de bruxas possuidas –segundo eles- por yinns, e que gozavam fregando-se entre elas, inconscientes precursoras das ciclistas.

AS GRANDES DESCOBERTAS

1492: Cristóvão Colombo dá início a uma tradição europeia consistente em que homens, igualmente europeios, imponham os seus próprios nomes aos territórios conquistados no novo continente, visto como uma mulher que seducir, dominar e civilizar.

1559: Um anatomista italiano de igual nome que o almirante, Realdo Colombo, reivindica-se descobridor de um novo territorio no continente feminino: o clítoris. “Como ninguém observara antes esta projeção e o seu conteúdo, se se me permite dar nome ao que eu mesmo descobri, proponho baptizá-lo como “amor ou dozura de Vénus”. Seguirão-no na empresa outros como Gabriel Falopio, descobridor de outra ilha feminina que pujo no mapa com o seu nome: “as trompas de Falópio”.

De Colómbia à trompa de Falopio, da lógica sexual do colonialismo à lógica colonial da anatomía, do continente a dominar como uma mulher à mulher a conhecer como um territorio de conquista… Assim foi que as mulheres nahuas passaram de ter zacapilli e zacapilcualt a não ter uma difuminada “mi parte”.

FRAGMENTOS DUM TRATADO DE DEMONOLOGIA (I)

X.R.Mariño Ferro nota uma diferença fundamental entre a representação do demo e das bruxas que se fazem os inquisitores e a cultura popular: os primeiros apresentam uma maldade absoluta, sema restas, enquanto os relatos populares matizam este mal teológico com contos de diabos mais bem parvos, que os astutos labregos sabem vencer (1). É o caso, por exemplo, dos demos que pretendem engañar o camponês no moinho e que, sem decatar-se, rematam trabalhando para o labrego. Creio que havia de gostar muito destas histórias esse grande revolucionário de incógnito que foi G.K. Chesterton, pois tal e como deixou escrito, “os contos de fadas são verídicos não só porque nos explicam que os dragões existem, senão também porque nos explicam que se podem vencer”.

O TRACTOR DE BENDILHÓ

Na cena final do Bienvenido Mister Marshall um tractor paraquedista pousa suavemente numa leira, cumprindo o sonho americano dum concelho espanhol de após-guerra. A tragicomedia de Berlanga representava um povo afundido na miséria, completamente despolitizado polo shock da violência fascista, e cuja única esperança era a chegada do salvador americano, preparada de uma maneira mágica que fai recordar os cultos cargo de algumas ilhas do Pacífico, cujos habitantes dispunham de “pistas de aterragem” para a chegada do deus da Coca Cola. Mas nem sempre o povo foi ese conjunto desarticulado de sofrimentos, despojado de toda potência.

Na Primavera de 1936 os cinquenta e três vecinhos de Bendilhó (Quiroga) repartirom as terras do cura –fugido após receber uns anónimos (1)- entre todas as casas, converterom a reitoral no local do seu sindicato, e solicitaron à CNT colaboração para mercar um tractor para os trabalhos coletivos da aldeia, eregida em Comuna Agrícola Libertária (2). Deu-lhes apoio o Sindicato da Construção da Corunha, que propujo ao Comité Regional Galaico que todos os federados contribuissem para a compra do tractor de Bendilhó por prorrata, projeto cuja materialização só impediu o golpe militar, quando já juntaram vinte mil pesetas (3). Sem aguardarem por nenhum Mister Marshall, Estatuto de Autonomia nem Presidente da República. Sem cultos cargo à espera de messias eleitorais.

(1). Estes anónimos fôrom um género que contou com magníficos cultivadores, como demonstra este de 1788: “(…) párroco de Camanzo, párroco de los demonios, tu acabas ós probes, que lle vendes o que tén para comer; tu non nos vestes, como fai o de Piloño, tu non lles das ferrados de grao…; tu acabas ós probes dos fregueses, cos escribanos queres acabalos de todo… Pois si non despachas ós escribanos, e si non dis a misa pola mañá ás sete, e se non mudas de vida, juramos a Dios que has de amencer queimado…; tamén te decimos que te habemos de queimar as medas e os palleiros… Non che firmamos porque non queremos i outros porque non sabemos…”. Cit. Em C. Burgo López, Un dominio monástico femenino en la Edad Moderna. El monasterio benedictino de San Payo de Antealtares, tese doutoral, Santiago de Compostela, 1985, II, p. 985.

(2). “Los pequeños grandes problemas: Los campesinos de Bendilló (Lugo), desean ensayar el Comunismo Libertario”, Solidaridad nº 43, Corunha, 18 de abril de 1936.

(3). Conta-o Dionísio Pereira em A CNT na Galicia 1922-1936, Briom, Laiovento, 1994, p. 167.