De volta para Loureda tenta ser um ponto de encontro que apanhe quanta solidariedade puder para a causa de Carlos Calvo. Por extensom e por lógica, também se quer converter noutro altofalante ao serviço da denúncia da perseguiçom política e da vulneraçom sistemática dos direitos humanos que está a realizar o Estado Espanhol na Galiza neste momento. Carlos, o nosso amigo, parente, vizinho, conhecido, concidadao… é um exemplo claro desse verdadeiro rosto do regime espanhol tam bem camuflado polos meios oficiais e empresariais. Coma ele, os outros independentistas galegos presos, vítimas da pior das violência terroristas, a de Estado.
A lei “antiterrorista” espanhola, amplamente condenada a nível internacional, foi justificada num contexto de enfrentamento forte entre ETA e o Estado Espanhol. Apresentou-se como umha medida de excepcionalidade imprescindível para a consolidaçom do regime do 78. Na práctica converteu-se num instrumento político para perseguir o soberanismo de esquerdas basco por riba de qualquer respeito aos direitos cidadaos. Hoje, quando cesou a actividade da banda armada basca, a lei segue em vigor. Igual ca ela, toda a enguedelhada madeixa de estruturas destinadas polo Estado à guerra contra ETA. Por volta de 600 agentes do CNI, o serviço de espionagem espanhol, e muitos mais do departamento de informaçom da polícia, todos eles especializados nesta organizaçom em exclusiva, ficárom sem cometido precisamente num momento de recortes orçamentários.
É nesta tessitura, fundamente marcada pola crise e pola tensom social, com lógicos estoupidos da intensidade reivindicativa mercê à desesperaçom das classes populares, em que se está a dar a infâmia que padece o nosso Carlos. Da nada, numha operaçom mediático-policial perfeitamente coordinada, emerge umha nova banda armada no Estado Espanhol. Umha organizaçom à que ninguém di pertencer e à que se lhe atribuem sabotagens de baixa intensidade, inferiores em impacto material às dos conflitos laborais recentes. Estes actos, rotura de vidros, queima de portas, e estourado de bombas de palenque e gasolina, passam a ser denominados categoricamente como atentados terroristas quando lhes podem adscrever intencionalidade política relacionável com o independentismo.Assim, chegamos ao ponto em que, a partir da indemonstrada existência dumha misteriosa organizaçom armada sem actividade real, se lhes aplica a ainda vigente legislaçom “antiterrorista” a alguns dos mais dinámicos activistas do independentismo galego, decote para os ceivarem ao pouco do seqüestro (e conseqüente tortura física e/ou psicológica) como no caso recente de Sílvia e Júlio. Carlos, membro do conselho de redacçom do Novas da Galiza, colaborador de vários meios de comunicaçom, destacado organizador de centros sociais e agrupaçons de Compostela e da comarca de Ordes, encaixa à perfeiçom no perfil das vítimas.
Ele, como os outros presos políticos galegos, percorreu o já habitual Via Crucis: primeiro exposiçom pública da identidade em todos os meios do regime, públicos ou subvencionados, que o culpabilizam directamente; depois, três dias de incomunicaçom sem advogado a expensas dos agentes; após o trámite de apresentaçom à Audiencia Nacional, ente sucessor do Tribunal de Orden Público franquista e sem paralelo em Europa Occidental, ingresso numha prisom, afastada da Galiza a maotenta para dificultar as visitas. Ali, num cárcere distante, podem botar até quatro anos antes de acederem a um juízo. Se ao cabo desse tempo som declarados inocentes, nom recebem nengum tipo de reparaçom polos anos roubados nem polos danos à dignidade e à honra.
É umha repressom evidentemente política, motivada polo credo ideológico das vítimas, que transcende qualquer interpretaçom judicial ordinária das democracias occidentais. O seu objectivo neste momento é o ensaio do terror entre a oposiçom ao regime espanhol, até onde vam poder chegar nas situaçons convulsas com as que contam no futuro imediato, até onde vam dar afundado na repressom sem provocarem efeitos contraproducentes em forma de solidariedade. Por isso é precisamente a solidariedade, a socializaçom, a visibilizaçom da infámia, o que realmente pode deter estas prácticas estarrecedoras por parte do Estado Espanhol. Velaí a razom deste blog
Carlos Calvo encontra-se agora no módulo de isolamento de Topas, em Salamanca, a centos de quilómetros da sua casa como os demais independentistas galegos presos. A dispersom, umha medida de castigo calculada contra os presos políticos do regime, dá num gasto insustentável para as famílias e numha listagem de accidentes continuamente em ascenso, é outra forma de tortura imisericorde. Desde ali segue-se a comunicar connosco através de artigos, desenhos e reflexons que iremos pendurando nesta porta de contacto. Igualmente, qualquer um de nós lhe pode transmitir o que quiger por meio de cartas dirigidas ao endereço que se pode atopar nesta mesma página. O nosso objectivo é contribuírmos, junto aos colectivos anti-repressivos já existentes, à extensom do conhecimento e da identificaçom com a causa de Carlos, a dos presos políticos galegos, a toda a sociedade e à comunidade internacional. Velaqui este humilde primeiro passinho.
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